Quem quer empreender precisa se reinventar sempre. O empreendedorismo brasileiro é um verdadeiro desafio, frente à alta tributação, burocracia e um mercado cada vez mais competitivo e voraz. O que fazer para se reinventar?
Reinventar significa “inventar novamente”. Quem quer montar um negócio, seja ele virtual ou físico, tem como primeira meta planejar como será esta sua empresa nos mínimos detalhes. Geralmente este empreendedor já se imagina vendendo muito e tendo sucesso em seu novo negócio.
Tudo bem pensar assim, é muito positivo. Mas o mercado não é positivo, ele é absolutamente realista e para lidar com ele você precisa estar preparado. Nem sempre um empreendimento novo obtém aquele sucesso todo que se imagina, ou no mais, tem um boom de vendas e depois começa a cair.
Isto acontece por diferentes motivos. Mas é neste momento que entra o “reinventar”. É estar preparado para os obstáculos e novos desafios que surgirão. Aqui, neste artigo, eu vou contar a história do empreendedor João em duas situações diferentes de sua vida empresarial. Acompanhe!
Vendi Muito, mas as Vendas Caíram
João abriu seu novo negócio em uma época festiva: em pleno natal. Montou sua loja física com todos os produtos de que vendia e, em paralelo, criou um site, mas não planejou adequadamente a logística de entrega e atendimento deste site.
Seus custos principais foram principalmente com o ponto comercial e com a montagem e estruturação da loja e do site. Equipe formada, loja pronta e as vendas foram mesmo um sucesso. Seu estoque esvaziou rapidamente e rapidamente também o repôs nas mesmas quantidades de quando abriu a loja.
As vendas pelo site não foram assim tão expressivas e era penoso enviar as mercadorias, ocasionando atrasos e reclamações. Assim, João foi se concentrando mais na loja física, claro, ela estava vendendo muito e não havia a dor de cabeça de ter que entregar nada.
Seu marketing, basicamente, foi o boca a boca do bairro onde a loja se encontrava e, no mais, uma panfletagem promocional para o natal. Logo nas primeiras semanas de janeiro, estas vendas despencaram. Houveram dias em que não conseguiu vender nada, nem um item de sua loja.
Os pedidos agora estavam se concentrando na internet, pelo site, mas também não eram tão expressivos e, como não houve um planejamento logístico adequado, os custos com as entregas acabavam não compensando tanto a venda.
O resultado foi um estoque imenso e um custo acumulado.
O que João fez de Errado??
1º. A primeira coisa que logo podemos perceber que João fez de errado foi não ter se preparado adequadamente para o pós-natal. Seu marketing foi fraco e João não dispensou a importância necessária para o seu site. Se a loja era nova, ele poderia ter aproveitado inclusive este boom para divulgar mais a loja física na região.
2º. Não planejou a logística de entrega e atendimento do site. Se você tem uma loja virtual, precisa cuidar dela como cuidaria de uma física, ou não faz sentido algum. É só um gasto desnecessário e foi assim com o João, ao montar seu site. Além disso, ao gerar atrasos na entrega, afastou possíveis clientes fidelizados de sua marca.
3º. Não realizou um controle de estoque adequado. Quando seu estoque se esvaiu, ele teria que ter feito um planejamento entre entoque mínimo e máximo, para encontrar a fórmula adequada em seu novo pedido. Isto evitaria desperdício e estoque parado, quando as vendas diminuíssem.
4º. Não planejou se marketing digital adequadamente. Ele teria que ter uma pessoa focada em sua loja virtual e no marketing desta. Isto com certeza o faria vender bem pela internet também e, ao mesmo tempo, divulgar seu negócio como um todo.
Meu Planejamento não Funcionou: Tudo que Faço dá Errado
Aqui João fez todo um planejamento de sua loja virtual. Montou seu site usando um provedor gratuito e templates. Cuidou direito de toda a parte de pagamentos que seriam feitos pelos clientes, através do site, ao comprarem um produto. Também planejou um estoque mínimo, para observar como seriam as vendas antes de acumular muitos produtos.
Seu site, a propósito, ficou muito bom. Agora era o momento de divulga-lo e, claro, João buscou nas redes sociais a solução para o problema. Suas postagens, basicamente, divulgavam seus produtos e tentavam levar seus leitores para o site, gerando a conversão.
Ele usava todas as principais redes sociais: LinkedIn, Twitter, Facebook, Instagram, entre outras e repetia suas postagens em todas elas. Como todos dizem, uma loja virtual ou e-commerce, há um tempo de latência e é preciso ter paciência para que seu negócio deslanche.
Foi o que João fez. Empolgado, intensificou as postagens, colocava imagens, figuras, postava seus produtos e até dava descontos. Investiu nas “turbinadas” em quase todas as redes sociais, para alcançar mais likes e visualizações.
Até funcionou: suas postagens tiveram um significativo alcance. Quem bom, agora seu negócio estava dando certo. Esperou 1, 2, 3, 4 semanas e as vendas...nada de deslanchar. Tudo que vendeu, basicamente, foi para amigos e parentes: tipo dar aquela forcinha.
Quando virou o 2º mês, João começou a se desesperar. O que podia fazer para vender mais? Aumentar os valores para turbinar ainda mais suas postagens pagas? Postar 2, 3 vezes por dia divulgando seu site e produtos? Parecia mesmo que tudo que João fazia dava errado.
O que João fez de Errado??
1º. Primeiro de tudo: ao criar seu site, sua loja virtual, você precisa pensar que está criando ali uma marca. Uma marca precisa ter autoridade, saber do que está falando. Tudo bem usar templates. A maioria destes são feitos por profissionais que entendem deste tipo de visualização.
No entanto, por ser um provedor gratuito, muito provavelmente tem pouco templates disponíveis e, além disso, possuem poucas possibilidades de personalização. Você não constrói sua marca se não criar sua identidade própria.
Mesmo que o site do João desse certo, quando o negócio crescesse, ele teria que pensar, inevitavelmente, em ter um domínio próprio e, aí, correria o sério risco de perder identidade: as pessoas já estavam acostumadas com o site antigo.
O investimento em domínios e hospedagem é muito pouco perto do resultado positivo que você pode obter com o seu negócio. Pense nisso.
2º. João pecou muito na divulgação do seu negócio. Primeiro porque antes de pensar no seu marketing, você precisa entender muito bem o seu público alvo. Precisa conhece-lo bem. Isto vai influenciar primeiro os locais pelos quais você estará divulgando seu negócio e segundo o tipo de linguagem que irá utilizar em seus conteúdos.
Internautas que visitam muito o Facebook, por exemplo, nem sempre gostam do LinkedIn. Certos produtos não vão bem no LinkedIn ou no Twitter, mas cabem perfeitamente no Instagram. Divulgar em todas as redes não significa, necessariamente, maior exposição.
Além disso, o João poderia term incorporado um blog em seu site, para entregar conteúdo para seu público alvo. Estes conteúdos com certeza iriam encantar seus leitores e estes poderiam vir a se tornar clientes, ou indicar clientes.
3º. Postar produtos pura e simplesmente nas redes sociais dificilmente irá gerar conversão, salvo se houver uma promoção qualquer ou algo que chame a atenção do leitor. Entregue conteúdo que fale dos seus produtos, da qualidade destes, da qualidade de sua empresa, de seus serviços, etc.
4º. Turbinar suas postagens aumenta sim os likes e visualizações, mas nem sempre geram conversão. Quando for montar sua loja, conte com uma equipe de marketing digital, pois são várias etapas para se pensar:
Design responsivo de seu site
Tráfego orgânico e pago
Imagens adequadas
Vídeos e outros tipos de mídias, etc.
O custo benefício, no final, com certeza vai valer a pena. Aí é só cuidar da manutenção ou ampliação, se for o caso.
5º. Cuidado com a quantidade de postagens. Muitas postagens não significam também que você terá melhor visualização. Muito pelo contrário, as pessoas podem se cansar de seus posts e parar de visualizá-los.
É preciso uma análise durante a aplicação de sua estratégia de marketing para determinar se há a necessidade de aumentar ou reduzir postagens.